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DEMISSÃO: Fraudes no INSS derrubam gerência no Maranhão

O escândalo de fraudes bilionárias em benefícios previdenciários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que aconteceu em todas as regiões do Brasil, resultou na exoneração do gerente-executivo da autarquia em São Luís (MA), Weslley Aragão Martins

A demissão, publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira (14), ocorre em meio a investigações que revelam um esquema de corrupção que afeta milhares de aposentados e pensionistas no Maranhão e em diversos estados do país.

Weslley, irmão do vereador ludovicense Wendell Martins (Podemos), havia sido indicado para o cargo por meio de articulação política envolvendo o deputado federal Fábio Macedo (Podemos) e o senador Weverton Rocha (PDT). A queda ocorre poucos dias após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que aprofundou denúncias sobre irregularidades sistemáticas no repasse de benefícios do INSS.

As apurações da Polícia Federal, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), mostram um cenário alarmante: em Raposa, cidade da região metropolitana de São Luís, 100% dos aposentados entrevistados entre 15 e 19 de abril desconheciam os descontos aplicados em seus benefícios por associações conveniadas. Entre elas estão a CBPA, AAPS, UNIVERSO, UNASPUB, AMBEC, AAPB, CONAFER, SINDNAPI e ABSP. Nenhum dos beneficiários autorizou os débitos ou sequer foi informado sobre a filiação às entidades.

A situação evidencia um padrão de atuação fraudulenta que, segundo auditoria da CGU, tem como principais vítimas os aposentados do meio rural — representando 67% dos atingidos. A vulnerabilidade desse grupo, especialmente em áreas remotas com pouca conectividade, facilitou o avanço de associações suspeitas.

Descontos indevidos

Desde 2016, estima-se que os descontos indevidos já tenham ultrapassado R$ 8 bilhões, sendo R$ 4,28 bilhões apenas entre 2019 e 2024. Os estados do Maranhão e do Piauí lideram o número de prejudicados, com até 60% dos aposentados de alguns municípios afetados. A digitalização acelerada dos processos e a proliferação de convênios entre o INSS e entidades privadas — que saltaram de 15 em 2021 para 33 em 2024 — colaboraram para a ampliação da fraude.

A gravidade do esquema provocou uma reação em cadeia no alto escalão do governo: o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi substituído por Wolney Queiroz; o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também deixou o cargo, sendo sucedido por Gilberto Waller Júnior, corregedor da Procuradoria-Geral Federal. 

O Congresso Nacional já discute a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o caso.

Embora o governo Lula atribua a maioria dos convênios a administrações anteriores, reconhece que o valor dos descontos triplicou nos últimos dois anos. A crise expõe não apenas falhas de fiscalização do INSS, mas também um sistema vulnerável que compromete o sustento de milhares de brasileiros que dependem da Previdência para sobreviver.

Arimatéia Jr.

Arimatéia Jr.

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