Lula aceita indicação de União Brasil e Pedro Lucas vai substituir Juscelino nas Comunicações

Pedro Lucas assumirá o ministério depois da Páscoa. Foto: UNIAO BRASIL
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou a indicação do União Brasil e escolheu o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (MA) para assumir o Ministério das Comunicações no lugar de Juscelino Filho. Em reunião realizada nesta quinta-feira, 10, no Palácio da Alvorada, Lula elogiou Fernandes e pediu mais apoio do partido no Congresso.
Na terça-feira, 8, Juscelino foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de corrupção por desvio de recursos de emendas parlamentares quando exercia o mandato de deputado federal. O caso foi revelado pelo Estadão em 2023.
Diante do desgaste, Lula pediu que ele entregasse o cargo para não prejudicar ainda mais o governo, que já enfrenta queda de popularidade. A Primeira Turma do STF – a mesma que analisa as ações da trama golpista do 8 de Janeiro – deve aceitar a denúncia contra Juscelino e, nesse caso, ele se tornará réu.
Pedro Lucas é líder da bancada do União Brasil na Câmara e vem de uma família tradicional na política maranhense. É filho do também ex-deputado Pedro Fernandes, atual prefeito de Arame, cidade localizada no interior do Maranhão.
Embora ocupe três ministérios no governo Lula (Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional), o União Brasil está rachado. Tanto que um setor se movimenta para ser oposição e avalizar outro candidato à cadeira de Lula, em 2026. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou sua pré-candidatura à Presidência, mas não empolga a cúpula do partido. Dividida, a legenda abriga uma ala que prega apoio a um desafiante indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O novo ministro, porém, integra o grupo que defende a aliança com o PT. Recentemente, Pedro Lucas fez parte da comitiva de Lula para o Japão e o Vietnã. É próximo do ministro do STF Flávio Dino e foi presidente da Agência Executiva Metropolitana (Agem) quando ele era governador do Maranhão. Dino é hoje o relator da investigação sobre Juscelino no STF.
A reunião convocada por Lula para definir a troca no Ministério das Comunicações contou com a presença de Pedro Lucas e também do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e do próprio Juscelino.
Lira também conversa com Lula no Alvorada
Depois desse encontro, Lula também se reuniu a sós com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), relator do projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Antes, ele recebeu no Alvorada o ministro do Esporte, André Fufuca, que é filiado ao PP.
Gleisi disse que Pedro Lucas pediu para assumir o ministério somente depois da Páscoa porque antes precisa resolver a sua própria substituição na liderança do partido na Câmara. Trata-se de outro problema à vista, que escancara o racha no União Brasil. A cúpula da legenda quer que o sucessor de Pedro Lucas seja o próprio Juscelino, que reassume o mandato de deputado federal. Mas o grupo que se opõe ao governo resiste à ideia e deseja um perfil mais combativo.
Com a terceira maior bancada da Câmara, composta por 59 deputados, o União Brasil já se dividiu e votou contra o governo em vários ocasiões, como na época da discussão do marco temporal das terras indígenas. Parte da bancada também assinou o pedido de urgência para tramitação do projeto que concede anistia a quem participou dos atos antidemocráticos de 2023.
A adesão de aliados do governo a um projeto apresentado pelo PL de Bolsonaro causou mal-estar no Palácio do Planalto, mas Gleisi tentou justificar as assinaturas sob o argumento de que há muitos “desavisados” apoiando a proposta.
“Eu confio muito na palavra do presidente (da Câmara) Hugo Motta de que esse projeto não irá a voto até porque, se for, haverá uma crise institucional”, afirmou a ministra, após a reunião com Lula. “O projeto que está lá dá anistia a Bolsonaro e aos generais, mas isso não está explicitado. Tem muitos parlamentares assinando que estão desavisados sobre o conteúdo”, destacou ela.
Do “Estadão” Vera Rosa